A transformação digital está se expandindo entre todos os setores da indústria. A popularização da IA aumenta de forma explosiva este ritmo. No setor elétrico o termo fóssil é utilizado não só para caracterizar parte do combustível utilizado como fonte de energia, mas também como uma analogia a um modelo sistema centralizado, vulnerável e ultrapassado. A digitalização, a liberdade de escolha e a necessidade de informações precisas e em tempo real é uma exigência do consumidor moderno.

Eventos climáticos extremos, como as chuvas no RS que deixaram mais de 200.000 sem energia ou como a tempestade de inverno que em fevereiro de 2022 matou centenas de pessoas e deixou mais de um milhão sem energia no Texas, nos mostra como o clima está mudando de maneira brusca. Até o ano de 2050, os modelos preveem que o nível do mar aumentará cerca de 30 cm, e até 2100, sem reduções significativas nas emissões de gases de efeito estufa, espera-se que o aumento do nível do mar global seja da ordem de 1,1 metro. O nível de emissão de gases provenientes de combustíveis fósseis utilizados pelas geradoras de energia, no agro e na indústria, não será tolerado por muito tempo, demandando investimento em modernização e automação.

A eletromobilidade hoje já é realidade. Segundo a ABVE, foram emplacados um total de aproximadamente 1.000 carros em 2016, 12.000 em 2019, 50.000 em 2022 e quase 100.000 em 2023. Nos quatros primeiros meses de 2024 já temos mais 50.000 VEs emplacados. Essa exponencialidade, associada à criação e expansão das centrais de cargas, geram um impacto extremo, estático e móvel, no sistema elétrico brasileiro.

Os preços das baterias de lítio continuam em queda acelerada, saindo de um valor de U$780/kWh em 2013 até U$139/kWh em 2023. O volume de investimentos globais em desenvolvimento e otimização de baterias e sistemas de armazenamento sugere que a tecnologia continuará a se desenvolver e os preços continuarão a cair em ritmo acelerado. Tão logo a curva de custo de energia (crescente) cruze com o custo de armazenamento (decrescente) a utilização dos sistemas de baterias crescerá de maneira substancial, tanto em aplicações front-of-the-meter como em aplicações behind-the-meter.

A descentralização da geração no setor elétrico brasileiro com a adoção de sistemas de geração fotovoltaica em GD e GC, cresceu de aproximadamente 1 MW em 2017, para quase 10 MW em 2020, chegando a 40 MW em 2024. Em 8 anos, a energia solar saiu de 0,1% e passou a representar quase 20% da matriz energética. A natureza intermitente dessas energias, com pico máximo ao meio dia e geração zero após o pôr do sol, trouxe uma série de consequências negativas para o setor, como a inversão de fluxo. Medidas de controle regulação são necessárias para que seja possível o crescimento da utilização desta fonte tão benéfica para a sociedade.

Todas estas demandas impactam significativamente na maneira como a energia é gerada, transmitida, consumida e controlada. E tudo isso requer grande esforço de digitalização, análise, automação e otimização. Tem que ser agora!